“Educai as crianças e não será preciso punir os homens”
“Educai as crianças e não será preciso punir os homens” – Pitágoras
Muito se discute sobre redução da maioridade penal no Brasil, mas pouco se
discute sobre soluções possíveis para a redução da criminalidade. A redução da
maioridade penal pode não funcionar no Brasil, assim como as medidas de recuperação
de menores infratores não têm gerado grandes resultados, pois a violência é uma
questão que envolve múltiplos fatores, é um ciclo vicioso que precisa ser que
quebrado nas raízes.
Em 2012, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realizou a pesquisa “Panorama
Nacional, a Execução das Medidas Socioeducativas de Internação”. Uma equipe
visitou 320 estabelecimentos de internação e entrevistou 1.898 adolescentes que
cumprem medidas socioeducativas de restrição de liberdade com idade média de 16,7
anos. Dos jovens entrevistados, 74,8% faziam uso de drogas ilícitas e 57% declararam
que não frequentavam a escola antes da internação. 86% dos jovens pararam no ensino fundamental e
43,3% já haviam sido internados pelo menos uma vez. Dados atualizados apontam
que o número de adolescentes presos chega a 19,5 mil no Brasil, 38% por roubo e
26% por tráfico de drogas. Comprovou-se que a maioria dos entrevistados possuem
em comum os seguintes aspectos, a criação em famílias desestruturadas, a
defasagem escolar e a relação com entorpecentes.
A partir dessas informações, pode-se identificar as principais causas da
marginalidade. Na sociedade ocidental, o jovem é bombardeado pelo apelo
consumista, o que faz muitas crianças e adolescentes compararem suas vidas com
a vida perfeita que a mídia apresenta. Com isso, se veem motivados a buscarem
maneiras de terem uma vida melhor, uma delas é o roubo. Muitos roubam,
também, para sustentarem um vício que pode ser motivado por outras questões sociais ou psicológicas.
Talvez, aqueles adolescentes entrevistados, em meio a tantos problemas, se viam
desmotivados a estudar e a lutar pelos sonhos de uma maneira digna, talvez
nunca escutaram de alguém que a mudança seria possível, e encontraram a solução
no uso das drogas.
De acordo com Immanuel Kant, “O homem não é nada além daquilo que a
educação faz dele". A educação escolar pública no Brasil não é excelente,
mas tem sido suficiente em seu papel, fornecer e estimular conhecimento. Uma
criança motivada não abandonará o estudo por não ser atrativo, pois a escola
não é a única fonte para aprendizagem e formação do ser humano. Se a pessoa não
tiver uma referência positiva desde a infância, se for exposta apenas a
exemplos negativos, a tendência é manter os hábitos aprendidos. O problema não
está na escola, está na educação em si do ser humano.
A família, independente de sua condição financeira, tem que preparar os
filhos para sobreviver no mundo, pois vivemos dias maus. Os adultos devem
assumir a responsabilidade de guiar a criança e não transferi-la ao professor
ou à mídia. O ensino ideal é aquele que promove o pleno desenvolvimento do
indivíduo e deve começar na educação familiar, primeiro ambiente ao qual a
criança é exposta. Assim, quando chegar às demais instituições sociais (igreja,
escola e etc.), a criança colocará em prática os ensinamentos, contribuindo para
a harmonia e paz social. Todo adulto já foi criança, ou seja, passou por uma
educação familiar. Na fase adulta, deveríamos apenas amadurecer e aperfeiçoar os
valores aprendidos. Portanto, é na infância que se molda e instrui a criança a
viver em sociedade.
"Ensina a criança o caminho que deve andar e ainda quando for
velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)
É a mais pura verdade Déb, mas infelizmente, grande parte das famílias não tem essa estrutura para oferecer aos filhos o que eles realmente precisam para viver bem e dignamente quando adultos.
ResponderExcluirSinceramente, eu não sei nem por que eles têm filhos, mas....
Trabalhando com crianças e adolescente podemos ver nitidamente a diferença entre os que têm essa estrutura familiar e os que infelizmente não sabem o que é isso.
Muito bom seu texto. A estrutura e os argumentos deixam o seu ponto de vista muito claro e convincente.
Concordo com você quando diz que a base da educação está na família, que esta é a primeira e principal responsável pela educação e formação do caráter das nossas crianças. Mas e quanto as crianças que vêm de famílias desestruturadas, famílias essas que não têm a mínima condição (não só financeira, mas principalmente emocional) de dar amparo, educação e formação para suas crianças? É preciso, também, que nós, enquanto sociedade, pensemos em formas de acolher e assumir a responsabilidade pela educação e formação dessas crianças, que são, em sua grande maioria, as que formam a população dos internos em Centros de cumprimento de medidas sócio-educativas. É preciso que pensemos em maneiras eficientes e eficazes de promover isso, que deixemos de pensar que esse "problema" é exclusivo de cada família. Esse "problema", e portanto a busca por uma solução, é de todos nós. Parabéns pelo texto!!!
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